O breaking é um dos elementos da cultura Hip Hop. A cultura Hip Hop sempre prezou combater a marginalidade de forma artística, fazendo com que os jovens ao invés de partirem para aquilo que é ruim, viessem para aquilo que é bom, com dança, com arte plástica, com música (tá englobado tanto o DJ, como o MC, na música). A arte plástica, o grafite. Mas sempre tentando fazer com que o jovem manifestasse o seu lado artístico. Então isso foi muito bom pra mim, porque uma das coisas que me impediu de ficar na rua, foi exatamente a dança, como se fosse o bote salva-vidas daquele momento, aonde eu fiz amigos. Nós conseguimos, remando nesse bote salva-vidas, chegar a idade que chegamos hoje. Muitos dos nossos amigos ficaram pelo meio do caminho, porque caíram nas drogas, outros foram pro caminho do crime, alguns morreram, outros estão presos... e nós estamos firmes até hoje, graças à dança, graças à cultura Hip Hop.

Fabio Inspace, 2020.
A posse Renegados era formada por três crews - Break Mania, Dynamik Leg’z e Guetto MRO (Movimento de Rua de Osasco). Mais tarde a Guetto MRO se tornou a Guetto Freak.

"Essas três crews, elas eram renegadas, isto é, elas eram, muitas das vezes excluídas, colocadas de lado, naquela época... Em determinados momentos nós estávamos com a posse... e em outros momentos era só a Break Mania... e Renegados acabou depois virando um sobrenome das crews"

Inspace, 2021
Crew tradicional de breaking, fundada na década de 1990, em São Paulo. Treinavam em Guaianazes, na Zona Leste - Arthur Alvim - SESI AE Carvalho. InSpace e outros integrantes de sua Crew, além de Bboys, são MCs.
Além de ser da Break Mania Crew que integra a posse Renegados, InSpace realiza trabalhos pontuais com essas outras equipes:
Equipe de breaking, fundada em 1997, sediada em Curitiba/PR.
Equipe de breaking, fundada em 1995, sediada em São José do Rio Preto/SP.
Eu danço desde 1992. Conheci uma música... naquela época nós só tínhamos em fita cassete. Quase não tínhamos disco de vinil, porque esses de vinil, especificamente das músicas que nós usávamos nos anos 90 pra dançar, eram mais difíceis de encontrar. Mas tinha uma fita com uma música que começava sempre a tocar e eu amava aquela música. O nome dela é Breakin' In Space... Em todas as minhas fitas eu sempre colocava ela, então, imagina como a qualidade ia caindo... Porque você tinha a cópia da cópia da cópia... Eu tinha um amigo, parceiro, nós somos da mesma equipe, mesma crew... de tanto que eu ouvia, um dia ele olhou pra mim e falou: "você vive no meio da lua, como se você dançasse no espaço, de tanto que você ouve essa música. Cara... não tem como eu não chamar você de Fábio InSpace!"

Fabio Inspace, 2020
São Paulo não criou isso... São Paulo se concentrava o maior número de pessoas praticantes do breaking... Em vários lugares, hoje, você vê que a cultura Hip Hop (quando eu falo cultura, estou falando dos quatro elementos que fazem parte da cultura Hip Hop, que é dança, com o breaking, que é a arte visual, com o grafite, a música, com o DJ, com o MC) tá muito bem alicerçada. Cada vez mais você vê que existe, com o acesso à informação, internet, jovens que realmente representam muito bem, por exemplo eu posso citar em Manaus. Onde você imaginaria que Manaus teria alguém que fosse tão bom no breaking como é um menino chamado Tchantcho... Então, você vê o Bart (Ceará)... um menino que representa, então, não tem como eu dizer um lugar. É claro que São Paulo tem um peso, porque durante muitos anos, sustentou a cultura Hip Hop, durante muitos anos foi a cena que todo mundo mais visualizava. Mas nos dias de hoje? Muitos lugares... tem o Samuka também, Samuel (Brasília), que é um rapaz que só tem uma perna... ele dança muito bem... ele também representa.

Fabio Inspace, 2020