O pessoal ensinando Lindy Hop começou a questionar essa questão dos gêneros...Eu acho que apesar de ser uma dança super antiga, ali da década de 20/30, é um dos ritmos que estão mais avançados nestas discussões, muito antes de eu escutar falar dentro da comunidade de danças de salão brasileira sobre a questão de gênero, na escola que eu trabalhava com Lindy Hop, entres os professores, a gente já estava discutindo isso e já estava estabelecendo a mudança dos termos que a gente usava em aulas, pra poder justamente abraçar, ser inclusivo e ninguém se sentir excluído dentro da escola, das aulas... Posso dizer com toda certeza que machistas, homofóbicos, racistas, dentro da cena de Lindy Hop, não sobrevivem, porque as principais pessoas que trabalham, que tão produzindo as coisas, não permitem.

Felipe Trizi, 2021
Página focada na criação de conteúdo sobre Swing Dances, Jazz e Blues em português brasileiro.
Podcast quinzenal sobre o universo do jazz, sempre às segundas-feiras.
Primeiro campeonato de Lindy Hop do Brasil.
O Forró das Bonita é um grupo de pesquisa em dança do forró como cultura popular, através de uma perspectiva feminista, anti-capitalista e anti-colonialista.
Swing Dances, em especial Lindy Hop, surgiu no final da década de 20 do século passado, em Nova York, mais especificamente no bairro do Harley, que é um bairro majoritariamente negro, então é uma dança afro-americana. Não se tem um criador específico, até mesmo porque a dança é uma mistura de outras dança já praticadas nos EUA, como por exemplo o Charleston, que acho que dentre as danças que ajudaram a originar o Lindy Hop, o Charleston deve ser a mais conhecida. E não se tem um nome específico de quem criou, mas tem um dançarino que é muito importante, que é o George Shorty Snowden, que diz a história que foi ele que cunhou a dança, que nomeou a dança, deu o nome Lindy Hop pra dança, pra esta atividade que já era praticada lá... numa entrevista perguntando que dança era essa que ele praticava, ele chamou de Lindy Hop. Lindy Hop porque é uma homenagem ao aviador Charles Lindbergh, que no mesmo período tinha feito a travessia do Atlântico, e essa travessia era chamada de Salto, ou em inglês Hop. E aí tava muito em voga, tava nas notícias na epoca, o Salto de Lindbergh, o Salto do Lindi, e chamavam essa travessia de LindsHop.

Felipe Trizi, 2021.
Eu comecei a dançar o Lindy Hop mais ou menos em 2002. Eu fazia aula em uma escola que nem existe mais, aqui em São Paulo, chamada Passos e Compassos, e a dona dessa escola ela tinha algumas fitas VHS de um curso completo de um dançarino, Frankie Manning, que faz parte do grupo que veio pro Brasil em 1941. E aí na epoca eu tinha 13 anos, então ela tinha um grupo dos adolescentes, das crianças, e aí ela resolveu que queria que a gente apresentasse uma coreografia de Lindy Hop, e foi a partir daí que eu comecei a aprender.

Felipe Trizi, 2021.
Apesar de ser meio difícil, por ter saltos, chutes e síncopes, é uma dança que não é tão difícil quanto parece e não tem uma idade específica pra se dançar, porque é muito comum pessoal mais velho achar que é muito difícil, é muito complicado pra se dançar, mas na verdade não é. Aqui no Brasil, a gente tem pessoal idoso que dança e o Frankie Mannning, que eu citei, um dos grandes dançarinos da época... e ele deu aula até os últimos momentos da vida dele... vou passar esse vídeo também pra vocês, registro dele dançando com a Dawn Hampton, que é outra dançarina também da época, acho que com 90 ou 91 anos, dançando junto com ela. Outra dançarina que faleceu acho que ano passado, que é a Norma Miller, também fez parte do Whitey's Lindy Hoppers, dançava com o Frankie Manning, é outra que também continuou dando aula, participando de festival por um bom tempo...

Felipe Trizi, 2021.