Até dá até uma certa angústia, porque a gente queria chegar já numa escola legal, fazer umas aulas, terminar, ganhar um certificado, sair de lá e dar aula em uma escola... "olha, eu me formei em forró, agora eu sou professora", não é assim. Para as mulheres isso é um empecilho. A gente fala muito daquela síndrome de impostora. Quando a gente tem um aval como um diploma, um certificado, a gente até se sente um pouco mais segura, mas as mulheres, eu sinto, demoram muito pra começar a dar aulas. Diferente dos homens que, as vezes, fazem três meses de aula e já tão querendo montar sua turma, ensinar. As mulheres ficam muito tempo sendo parceiras do fulano, acompanhando eles nas turmas, ajudando nas aulas particulares. Aí sabe-se lá se um dia ela vai ter a turma dela, com os alunos dela... se os alunos vão procurar ela por causa da dança dela ou da forma dela dar aula ou é porque ela é parceira do ciclano. Acho que ainda tem essa dificuldade pras mulheres no geral.

Fe Squariz, 2020.
Projeto feminista iniciado em 2014 por Fe Squariz e iris De franco, que promove e pesquisa inúmeras ações (aulas, formações, rodas de conversa, textos, vídeos, bailes e apresentações) voltados à fortalecer a mulher dentro do Forró e da sociedade.
Eu danço forró pé de serra. É um forró que faz muito sucesso nos grandes centros urbanos do sudeste... é aquele forró tocado com sanfona, zabumba, triângulo... esse forró de raiz nordestina, mas que em São Paulo estourou na década de 90, mais com bandas que tinham o título de forró universitário... mas tem uma diferenciação entre o forró pé de serra e o forró universitário, assim no jeito de dançar, as músicas tocadas... Eu tenho uma playlist no Spotify e uma no YouTube de músicas que eu gosto de ouvir bastante... é uns forrozão bem antigos...

Fe Squariz, 2020.
Tem o Festival de Itaúnas... tem muita gente lá, muita gente jovem, inclusive. Eu acho que talvez seja um dos lugares que tá mais pros jovens, o forró...

É muito diverso os forrós, só frequentando mesmo pra saber, porque tem muitos tipos de corpos e eu acho todas eles são urbanos... O Forró Roots é um forró urbano também.

É um caldeirão doido ali... os dançarinos tem essa questão, dessa dança indígena de Itaúnas... mas também existe a troca... esse corpo é muito mesclado... pode ter uma coisa mais chão, dos chutinhos das pernas, mas também tem a galera do samba de gafieira que também dança forró e ia pra lá e de repente metia umas gafieira doida no forró deles... eu nunca estudei muito sobre esses rumos pra te afirmar com certeza essas coisas, mas eu vejo influência da dança de salão, outros ritmos...

Eu fui uma vez só pra Itaúnas... eu tenho uns vídeos... até entrevistas... eles falando, é interessante. Eu já vi de alguns falarem que... ficavam olhando a galera de fora, os gringos, vir dançar... e que tentavam copiar... O laboratório era o baile mesmo, era aonde aconteceu as trocas, não tinha essa coisa de YouTube nessa época, de ficar fazendo oficina, aula... Aula mesmo desse estilo de forró roots, foi sistematizada a pouco tempo, não tem desde sempre.

Fe Squariz, 2020.